terça-feira, 13 de novembro de 2007

O que é "Cénico" e as "Artes Cénicas"





Tudo o que um ser humano faz ou pode fazer, diante de uma plateia ou mesmo diante dos amigos próximos, no seu quotidiano é cénico.

As Artes Cénicas são o conjunto das artes performativas onde podemos estudar tudo o que é cénico dentro de padrões estéticos determinados por signos específicos que caracterizam escolas e movimentos artísticos como por exemplo: o Simbolismo, o Naturalismo, o Surrealismo, etc. Enfim, todos os "ismos" de que hoje temos conhecimento, os quais podem ser bem ou mal utilizados - depende do nível de conhecimento de quem os utiliza - no Teatro, no Cinema, na TV e até no Balet através do corpo; com recursos técnicos como luzes, sons, músicas, cenários, figurinos e adereços de cena dos mais primários até os mais sofisticados, tudo em prol da comunicação imediata de ideias, pensamentos e imagens que podem ou não influenciar o público alvo, depende sempre do "saber como" comunicar.

Quando um padre celebra uma missa, um actor interpreta uma personagem, um político discursa, todos estão a fazer algo cénico diante de um público específico. Esses comunicadores estudam ou pelo menos deveriam estudar - salvo excepções que utilizam uma espécie de “instinto nato” ou “dom” para falar em público - a melhor forma de comunicar aos ouvintes suas ideias.

As pessoas podem ser treinadas ou ensaiadas - pelo menos deveriam ser na grande maioria dos casos - para buscar as melhores formas de chamar a atenção de uma assistência.

O bom comunicador/artista deve saber transmitir suas ideias com clareza e veemência, as quais devem estar inseridas na linguagem estética escolhida para o efeito.

Hoje, no teatro, no cinema e nas novelas da TV, a interpretação dos actores é feita de forma naturalista/realista, ou seja, o actor deve acreditar na realidade da vida da personagem, deve ter fé cénica suficiente para dar credibilidade às emoções que “fabrica” diante do público. Essa forma de interpretar surge com grande força nos finais do século XIX, com um grande nome que até hoje ecoa nos ouvidos dos actores: Constantin Stanislavski, um afortunado teatrólogo que, valendo-se da psicologia, desenvolveu um método para o actor criar uma personagem.
É claro que antes de Stanislavski, já havia uma preocupação com a forma de interpretação dos actores. A exemplo disso, temos no século XVIII, um filósofo, crítico de teatro e teatrólogo chamado Denis Diderot que no seu “Paradoxo do Comediante” já questionava se um actor deve sentir verdadeiramente uma personagem ou fingir de um modo cerebral, ou seja actuar de uma forma técnica, fingir as emoções.

O “método de Stanislavski” tornou-se a base para a interpretação de uma personagem a ser seguida por todos os actores, mesmo trabalhando com outras linguagens, formas ou metodologias desenvolvidas por Kusnet
[1], Meyerhold[2], Brecht[3], Grotowski[4], Barba[5] ou Brook[6].
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1] Eugênio Chamanski Kuznetsov (Rússia 1898 - São Paulo SP 1975). Mais destacado ator de formação stanislavskiana no teatro brasileiro, criador de papéis marcantes e emérito professor de uma geração de atores nos anos 60 e 70.
[2] Vsevolod Emilevich Meyerhold (Penza Russia 28 janeiro de 1874 - 2 de fevereiro de 1940). Nome artístico de Karl Kazimir Theodor Meyerhold, conhecido apenas por Meyerhold, um grande ator de teatro e um dos mais importantes diretores e teóricos de teatro da primeira metade do século vinte.
[3] Bertolt Brecht (Augsburg, 10 de Fevereiro de 1898Berlim, 14 de Agosto de 1956) foi um influente dramaturgo, poeta e encenador alemão do século XX.
[4] Jerzy Grotowski (Rzeszów, 11 de agosto de 1933Pontedera, 14 de janeiro de 1999) foi um diretor de teatro polonês e figura central no teatro do século XX, principalmente no teatro experimental ou de vanguarda.
[5] Eugenio Barba (Brindisi, 29 de outubro de 1936) é um diretor de teatro italiano e figura central no teatro mundial, fundador e diretor do Odin Teatret em 1964, uma companhia fundada em Oslo, na Noruega que se muda para Holstebro, em 1966, Dinamarca, uma cidade que tinha à época 18 mil habitantes.
[6] Peter Stephen Paul Brook (Londres, 21 de março de 1925) é diretor de teatro e cinema britânico. Estudou em Oxford.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Uma Longa Despedida

Lembro-me de quando eu era criança, tu trazias-me ao colo. Os teus poderosos braços com garras de aço acolhiam-me confortavelmente. Eu estava seguro no teu calor.
De vez em quando as tuas ausências faziam-se presentes, mas ao cair da noite, quando estavas connosco, lembro-me de sentar contigo na tua imensa poltrona e assistir TV abraçado a ti. Eu deixava-me dormir. Claro, nada era possível sem antes já estar com os dentes devidamente lavados, banho tomado com um perfume agradavelmente quente do talco, o pijama macio e cheiroso, certificado pela Dona da Casa, minha amada mãe, linda mulher, dedicada a ti e aos filhos por completo.

Que linda família, conseguiste meu pai.
Que Deus te abençoe e ilumine teu espírito, pelas vidas em vida que já tiveste... Não importa quantas, nesta vida, viveste como pôde, deste o teu melhor.

Depois que eu adormecia ou fingia estar a dormir, carregavas-me nos teus braços e colocavas-me suavemente na cama. Na manhã seguinte, às 6:30 da manhã já estávamos acordados. Começava a rotina da família. Todos prontos. Tarefas estabelecidas. Decidia-se o cardápio do almoço... Enquanto isso, eu tomava o pequeno almoço e ouvia a agitação... Poucas vezes dei sugestões, pois os pratos eram impecáveis. Minha mãe geria tudo com precisão e com um lindo sorriso que iluminava o dia para toda gente da casa. Ela vestia um longo e discreto robe de chambre até os pés, de variada estampa, mas sempre muito suave, calçava “chinelas-tamancos” altas e confortáveis. Sem maquilhagem. Eu sabia que só voltaria vê-la na hora do almoço com outra indumentária, e depois no fim do dia, no teu regresso à casa, ela estava arranjada como uma linda rainha para a chegada do seu Rei...
Tudo para ti meu pai.

Contigo não foram muitos pequenos almoços, mas quando eles aconteciam, aconteciam de forma especial.

Uma fiel assistente da minha mãe servia-nos e quase no fim da refeição, tu chegavas. Poucas palavras, mas atento a tudo. Carregado de sabedoria. E então? A Escola? Perguntavas do cimo da tua altivez. Indagavas sobre o meu desempenho, provas, testes, etc. Eu sabia, tu querias resultados. Através do olhar forte e seguro de um lutador, fazias-nos compreender, eu e meus irmãos, que a nossa obrigação era estudar. Entretanto, não era costume ensinar-nos ou ajudar-nos nas tarefas da escola, mas se necessário, contratavas professores explicadores para nos orientar. Nós tínhamos de nos aplicar e tu cobravas resultados. Nós lutávamos por um bom prémio nas ocasiões especiais. Presentes para além das datas comemorativas foram raros, com excepção de produtos de desgaste como roupas, calçados, etc.

Por outro lado, soubeste fazer dos momentos de lazer, momentos familiares únicos.
Lembro-me dos Natais quando, os tios, as tias, os primos, a nossa “Vó América”, a irmã dela “Tia Itinha” (Maria Antonieta, nome forte), a Tia Joana, irmã da mãe e o Tio Zé, praticamente toda a família passava connosco. Nesses Natais a casa ficava cheia de vida, alegre. Eu, meus irmãos, meus primos e primas brincávamos pelos jardins e quintais, nos molhávamos no repuxo do chafariz, nos embalávamos nos baloiços e gangorras, observávamos os empregados a lidarem com os animais, principalmente na hora em que eram alimentados ou observávamos de longe quando os matavam para os banquetes. Nós nos perdíamos entre plantas e árvores, fazíamos cabanas com galhos e folhas de bananeiras, subíamos nas árvores. Numa delas, uma antiga e frondosa nespereira, tínhamos uma casa rústica, construída pelo meu irmão mais velho, onde os “mais novos” tinham de explorar às escondidas. Surgiam inevitáveis brigas entre nós que eram devidamente resolvidas pelo “Conselho dos mais Velhos”. De vez em quando algum castigo tinha de ser aplicado, mas tudo acabava bem e a lição servia para todos. Na sala de jantar, num plano mais alto, ficava a imensa árvore de Natal prateada que cintilava enfeitada com bolas da mesma cor, um azul intenso e brilhante. Eu, os mais velhos e os mais jovens, ficávamos excitados só de pensar na Noite de Natal, mal podíamos esperar pelos presentes. Na véspera de Natal a ceia era servida às 22 horas. Algumas tias, alguns primos e eu íamos à Missa do Galo acompanhando a Vó América. Na Igreja, sentávamos no banco da frente, no lugar da família. Eu acabava por assumir o sono que sentia e dormitava encostado no ombro da Vó, mas acordava todas as vezes que tinha-me de levantar em sinal de respeito ao ritual. Mas o mais importante era receber, no fim, a benção do padre. Voltávamos excitados a pensar nos presentes, mas o cansaço da agitação impedia-nos de continuar e íamos dormir a pensar quando o “Velhinho das Brancas Barbas” apareceria. Antes de fechar os olhos eu olhava pela janela o céu estrelado a imaginá-lo a cruzar os céus, sempre ajudado por uma tia, depois a mãe chegava para desejar bons sonhos. Na manhã seguinte a árvore estava cheia de pacotes devidamente identificados. Todos, adultos e crianças, recebiam presentes. A alegria instalava-se.
Chegávamos a ser mais de vinte cinco pessoas a conviver pelo menos durante uns dez dias, pois a seguir ao Natal vinha a festa do Reveillon.

É pai, proporcionaste-nos tudo.

E as viagens?
Lembro-me de quando íamos de férias para a casa da praia tipo “Família Feliz”.
Chegávamos e instalávamo-nos excitados com a ideia de tomar um banho de mar para tirar a “ziquisira”, termo usado pela família que não sei de onde surgiu, mas que significa banhar o corpo e a alma com a água do mar eliminando tudo de ruim.
Ah... Boas lembranças.
Também lembro-me das refeições. Na praia tínhamos de comer peixe, então os pratos variavam de grandes “carangueijadas” até aos camarões de diferentes espécies e tamanhos. Sem esquecer dos peixes que eram pescados, principalmente pelo meu irmão mais novo. É claro que, como bons carnívoros que somos, um churrasco também sempre era bem vindo.
A areia, o sol, a água, o futebol que todos jogavam, os passeios de barco, os espectáculos únicos do ocaso... Tudo, proporcionaste-nos tudo com a tua luta, com o teu sucesso...

É, meu pai, conseguiste marcar presença na vida de todos os que te cercavam.

A tua vida seguiu num curso certo, objectivo, às vezes exactamente como tu querias, outras vezes nem por isso. Sei que querias que eu seguisse outra carreira, outro modo de vida. Tu bem sabes que tentei, esforcei-me ao máximo e quando fraquejei tu estavas presente, ajudaste-me a levantar e seguir em frente. Fiz escolhas, nem sempre as mais dignas do teu ponto de vista, mas as melhores para a minha maneira de ser e ver as coisas. Então, a partir daí, abriste, finalmente rendido, os teus poderosos braços com garras de aço e finalmente pude bater minhas próprias asas e voar livre. Tu estavas atento, mas deixaste-me viver o meu sonho. Avisaste-me “É tudo fantasia”. Mas hoje entendo que deve ser assim mesmo, nós somos o resultado do que desejamos, do que cremos, do que sonhamos.

De repente, num inevitável dia, tudo escureceu.
O mal alastrou-se silenciosamente e fez-se presente.
A luta pela vida.
A eminência da prova que todo ser humano tem de passar.
A busca de respostas.
O medo a apoderar-se de nós.
A aceitação sem ser aceita.
O início da longa e dorida despedida...
Lembras-te? Passamos quarenta e cinco dias juntos.
Foram quarenta e cinco dias de um diálogo lúcido. Com boas gargalhadas. Boa comida. Bavaroise de Natas... Tu gostavas disso, ainda hoje quando faço uma lembro-me de ti. E o ensopado de borrego? Lembro-me desse dia, de que era tarde da noite quando ceámos e tivemos de ficar acordados longas horas a conversar para fazer a digestão. Tu gostavas que eu preparasse as refeições. Tu dizias-me para eu abrir um restaurante, que eu possuo o “dom” dos gourmets... Sim meu pai, eu sei, estejas descansado, ainda não descartei essa possibilidade.


O fim daqueles dias chegou, eu tinha de regressar aos meus compromissos, o mundo continuava a girar, o mundo que eu criei estava a chamar por mim. Nesse dia, tu estavas na varanda da nossa casa sentado na cadeira de rodas com o olhar distante, as minhas malas já estavam no carro que aguardava para levar-me ao aeroporto. Despedi-me de ti com um carinhoso, forte e longo abraço, sempre com cuidado devido a tua fragilidade física, e dei-te um beijo. havia lágrimas nos nossos olhos. Disse-te para te cuidares, para manteres as forças, para continuares a lutar e que da próxima vez eu queria ver-te andar novamente. Sorriste-me e disseste-me: “Qualquer coisa, grite”. Nesse momento eu senti e tu também sentiste, mas não falamos, no fundo sabíamos que não nos voltaríamos a ver nesta vida. Desci os degraus até o portão da entrada do jardim, de lá acenei num último beijo de adeus.

O tempo passou, falávamos por telefone. Havia dias que tínhamos assuntos variados para falar, mas havia outros dias que não tínhamos assunto, entretanto ligávamos só para ouvir a voz um do outro.

Um ano e sete meses depois, o dia da partida sem regresso chegou. Era um Domingo e por ironia do destino comemorava-se o dia dos pais no Brasil. Logo pela manhã, recebi uma ligação. A voz da mãe estava sombria, mas segura. O fim de um ciclo se aproximava.
A palavra Hospital ecoou na minha mente de forma pesada. Tu tinhas sido levado...
Tentei falar contigo, era impossível. Meus irmãos estavam contigo. Meu irmão mais novo falou por ti, apesar do medo, havia uma fraca esperança na voz dele. Pensei: tu estavas a partir! E agora? Ainda lá estavas, eu sabia, mas sentia o adeus eminente.
Terminei a chamada completamente impotente. Esperei...

Enquanto esperava, eu ouvia as imagens que tomavam forma na minha mente.
Dei conta de que havíamos falado no dia anterior e que aquela foi a nossa última conversa, levámos mais de uma hora ao telefone. Falámos da família, de ti, de mim, nos planos para a minha próxima visita, no perfume que querias que eu levasse, e com amor nos despedimos num riso sincero... “Se precisar de qualquer coisa, grite!” Deste-me a deixa comum dos finais das nossas conversas por telefone.

E agora meu pai, para quem vou “gritar”?
Nesse obscuro momento de espera sentia-me como se o meu corpo pairasse num outro plano. A Inacção foi total.
Tinha de ir ter contigo. A espera tornou-se difícil, eu estava longe e o próximo voo só saía na manhã do dia seguinte. Sem alternativas, impotente eu tive de esperar.

As imagens do passado voltavam.
As escolhas que fiz. Nossas discussões, nossas verdades, nossas alegrias, nossa família... Meu Deus, o que eu estava a fazer aqui, tão longe? Em nome de quê? E para quê?
As imagens pululavam na minha mente...

O tempo parou. Meu corpo tremeu, senti um frio percorrer a minha espinha que desembocou numa sensação de vácuo no estômago. Só ouvi o barulho seco de uma porcelana que espatifa-se no chão ecoar pelo espaço. Instintivamente olhei as horas, eram 21:30 (hora de Lisboa)... O telefone tocou, desloquei-me até ele como se meus pés se afundassem num areal. Do outro lado da linha minha mãe, com um tom incomum na voz, sério, compenetrado e verdadeiro disse-me: “Teu pai acabou de falecer...”

Silêncio...
A dor enraizou-se como uma teia finamente tecida.
Aconteceu... A espera finalmente tinha terminado.
Não deu tempo! Pensava eu, perturbado pela emoção. Não deu tempo de tu veres o meu sucesso! Não deu tempo...
Eu queria que sentisses orgulho de mim, eu queria que tu olhasses para tudo o que fiz pensando em ti, mas partiste! Eu precisava provar que também era capaz...
Eu zanguei-me contigo e descobri-me zangado comigo mesmo.
Partiste... Partiste...

Na manhã seguinte, finalmente apanhei o avião.
Durante a viagem descobri que não chegaria a tempo de ver-te deitado no teu derradeiro leito.
Quando cheguei, já era noite e os rituais já haviam terminado. Na derradeira “morada-homenagem” procurei por ti e não te encontrei. Acabei por descobrir-te em pensamento.

Missão cumprida meu pai, conseguiste.
Tiraste da vida tudo o que ela pôde proporcionar. Foste feliz e infeliz, amaste e odiaste, lutaste por ti até o fim. E, com tudo isso, bem ou mal, deixaste-nos preparados. Acabaste por ensinar-nos a sermos mais resistentes. E com a mãe aprendemos, tu também aprendeste muito com ela, a levantar a cabeça e continuar com o olhar em frente com força.
Conseguiste...

Não me entrego, por mais que me castigue a vida,
por mais que a dor me doa,
teimo em seguir meu rumo,
como um barco
que a cada onda mais alta
ergue ainda mais a proa.
E avança, e esgrime o mar,
o vento, os temporais,
em desatino,
a chegar... ou a soçobrar, mas sem fugir jamais
ao seu destino.
(J. G. Araújo Jorge
[1])

Conseguiste.
Eu agradeço ao Universo ter tido a honra de fazer parte da tua história. Nossa história.
Tudo passa tão rápido e só nos damos conta da dimensão finita da vida nesse momento da despedida.
Teu legado, meu pai, é o amor que tinhas pela vida.
Como a frase que tenho escrita num “pim” colado à porta do frigorífico cá em casa, oferecido por uma amiga, que traz a imagem de um belo e gordo cacho de uvas:
- A vida é muito curta para se beber mau vinho.

Com amor
Teu filho



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[1] Nasceu em 20 de maio de 1914, na Vila de Tarauacá, Estado do Acre. Filho de Salvador Augusto de Araújo Jorge e Zilda Tinoco de Araujo Jorge. Faleceu em 27 de Janeiro de 1987.
http://www.jgaraujo.com.br/index.html

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Será "Osho" um caminho?



Muitas histórias são contadas, entretanto um texto que não cita fontes e nem referências está publicado na excelente enciclopédia pública "Wikipédia" e apresenta alguns dados sobre esse "Filósofo".

Artistas em geral, esotéricos e alguns mortais mais sensíveis que buscam o conhecimento de si, dizem-se felizes porque encontraram a "paz interior". Mas quem realmente foi Osho?

Rajneesh Chandra Mohan Jain (Índia, 11 de Dezembro de 1931 - 19 de Janeiro de 1990) foi o fundador de um movimento filosófico-religioso, primeiro na sua terra natal e mais tarde nos Estados Unidos da América. Durante a década de 1970 foi conhecido pelo nome de Bhagwan Shree Rajneesh e mais tarde como Osho.
Embora Rajneesh nunca tenha escrito nenhum livro, muitos foram publicados por transcrições de seus discursos e palestras, livros que até hoje fazem muito sucesso em muitos países, inclusive o Brasil, país que possui um pequeno mas muito ativo grupo de discípulos e simpatizantes, espalhados em muitos dos grandes centros e em algumas comunidades mais afastadas. Muitos desses discípulos exercem algum tipo de atividade terapêutica alternativa e divulgam suas principais meditações, como a chamada Meditação Dinâmica. Alguns técnicos dizem tratar-se de um exercício aeróbico que promove embriaguez por hiperventilação. Outros, com experiência pessoal nessa técnica, dizem que a hiperventilação não causa embriaguês, mas muita disposição física durante todo o dia; não é aconselhável deitar ou sentar-se após esta técnica, mas cuidar das atividades da vida.

Seus discípulos (Sannyasins) o apresentam como um grande contestador e libertador. Seu ensinamento, sem dúvida, enfatizava bastante a busca de liberdade pessoal e apresentava uma atitude mordaz em relação à tradição e à autoridade estabelecida. Entretanto, isso não é apresentado como uma rebeldia sem causa, mas como um transbordamento possível, vindo da meditação.

É uma figura extremamente polêmica. Em boa parte, porque ele próprio raramente procurava apaziguar ou evitar conflitos. Ele nunca foi um moralista, enfatizando sempre a consciência individual e a responsabilidade de cada um por si mesmo. As pessoas que o ouviam, gostavam muito do que ele contestava com consciência, mas não assimilavam.

Membros do seu grupo foram acusados de, deliberadamente, causar uma intoxicação com salmonelas na comunidade de Condado de Wasco (no Oregon), na seqüência de alegadas tentativas para obter vantagens nas eleições do condado. Os seus discípulos garantem que ele teria morrido por envenenamento de tálio radioativo, provocado na altura em que esteve preso, durante trinta dias, nos Estados Unidos, em 1985. Alguns órgãos da imprensa chegaram a divulgar que Osho teria morrido de Sida (Aids).

Nos EUA, respondeu por 35 acusações e foi condenado a dez anos de prisão com sursis. Foi expulso também da Grécia, foi rechaçado da Alemanha e da Espanha e só conseguiu entrar na Irlanda porque seu piloto alegou ter um doente a bordo. Sua secretária Sheela Birustiel-Silvermann (Ma Anad Sheela) foi extraditada da Alemanha, onde estava no cárcere em Bühl e foi condenada pelo tribunal federal de Portland (Oregon), em 1986, a quatro anos e meio de prisão por fraude e envenenamento alimentar. A investigação revelou que centenas de jovens mulheres teriam sido compelidas a aceitar uma operação de esterilização.

O pensamento de Rajneesh está exposto em mais de 1000 livros que podem elucidar sobre a sua filosofia. Segundo referem os seus admiradores, Osho não pretendia impor a sua visão pessoal nem estimular conflitos. Enfatizou, pelo contrário, a importância de se mergulhar no mais profundo silêncio, pois somente através da meditação se poderia atingir a verdade e o amor, guiada pela consciência individual, sem intermediários como sacerdotes, políticos, intelectuais ou ele mesmo. Transmitia, pois, uma mensagem optimista que apontava para um futuro onde a humanidade deixaria o plano da inconsciência e, por conseqüência, a destruição, o medo e o desamor, já que cada um seria o buda de si próprio, recordando aquilo que a consciência imediata esqueceu. Segundo esta visão, a humanidade parece-se a um conjunto de cegos guiados por outros cegos (imagem que também faz parte do ideário cristão). Os seus seguidores reconhecem-no como uma das figuras mais importantes da história da humanidade, sendo injustiçado pela humanidade ignorante. Todo o trabalho de Osho é de desconstrução e silêncio. Desconstrução de dogmas arcaicos e amarras psicológicas que aprisionam e limitam o ser humano. Segundo Osho, todo o planeta (com raras exceções) está doente. Mas é uma doença auto-imposta.

Liberdade é o fundamento de um homem auto-realizado e digno.

O Silêncio, por sua vez é a comunhão da criatura com sua essência divina e pura. O silêncio é re-encontrado pela meditação, onde o homem experimenta seu verdadeiro ser.

Os seus discípulos garantem que, depois de expulso dos Estados Unidos da América, Osho não conseguiu qualquer visto para permanência nos países que visitou após o incidente, devido a pressões norte-americanas. De facto, nenhuma das acusações feitas têm consistência objectiva - fruto apenas do temor e ódio das instituições representadas pelo governo norte-americano, referem os seus discípulos.

Deixou o seguinte epitáfio: "OSHO.. Nunca nasceu...nunca morreu...apenas visitou este planeta Terra entre 1931 e 1990".

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Mudanças na ortografia da Língua Portuguesa a partir de Janeiro de 2008

A partir de janeiro de 2008, Brasil, Portugal e os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste - terão a ortografia unificada.

O português é a terceira língua ocidental mais falada, após o inglês e o espanhol. A corrência de ter duas ortografias atrapalha a divulgação do idioma e a sua prática em eventos internacionais.

Sua unificação, no entanto, facilitará a definição de critérios para exames e certificados para estrangeiros. Com as modificações propostas no acordo, calcula-se que 1,6% do vocabulário de Portugal seja modificado. No Brasil, a mudança será bem menor: 0,45% das palavras terão a escrita alterada. Mas apesar das mudanças ortográficas, serão conservadas as pronúncias típicas de cada país.

Resumindo: o que muda na ortografia em 2008:

- As paroxítonas terminadas em "o" duplo, por exemplo, não terão mais acento circunflexo. Ao invés de "abençôo", "enjôo" ou "vôo", os brasileiros terão que escrever "abençoo", "enjoo" e "voo".

- Mudam-se as normas para o uso do hífen.

- Não se usará mais o acento circunflexo nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos "crer", "dar", "ler", "ver" e seus decorrentes, ficando correta a grafia "creem", "deem", "leem" e "veem".

- Criação de alguns casos de dupla grafia para fazer diferenciação, como o uso do acento agudo na primeira pessoa do plural do pretérito perfeito dos verbos da primeira conjugação, tais como "louvámos" em oposição a "louvamos" e "amámos" em oposição a "amamos".

- O trema desaparece completamente. Estará correto escrever "linguiça", "sequência", "frequência" e "quinquênio" ao invés de lingüiça, seqüência, freqüência e qüinqüênio.

- O alfabeto deixa de ter 23 letras para ter 26, com a incorporação de "k", "w" e "y".

- O acento deixará de ser usado para diferenciar "pára" (verbo) de "para" (preposição).

- Haverá eliminação do acento agudo nos ditongos abertos "ei" e "oi" de palavras paroxítonas, como "assembléia", "idéia", "heróica" e "jibóia". O certo será assembleia, ideia, heroica e jiboia.

- Em Portugal, desaparecem da língua escrita o "c" e o "p" nas palavras onde ele não é pronunciado, como em "acção", "acto", "adopção" e "baptismo". O certo será ação, ato, adoção e batismo.

- Também em Portugal elimina-se o "h" inicial de algumas palavras, como em "húmido", que passará a ser grafado como no Brasil: "úmido".

- Portugal mantém o acento agudo no "e" e no "o" tônicos que antecedem m ou n, enquanto o Brasil continua a usar circunflexo nessas palavras: académico/acadêmico, génio/gênio, fenómeno/fenômeno, bónus/bônus.


Fontes: Revista Isto É, Folha de São Paulo e Agência Lusa.




terça-feira, 9 de outubro de 2007

Disturbios

Disturbio da Leitura e da Escrita

Também chamada de Dislexia, a despeito de muitos estudiosos abominarem o termo, é a dificuldade exacerbada para aprender a ler normalmente, apesar da ausência de alterações sensorioperceptivas, neurológicas e/ou intelectuais. Por conseguinte a escrita também é afectada, chegando a ser rejeitada pela criança que pode apresentar conduta de ansiedade neurótica. O tratamento é multidisciplinar e os profissionais devem estabelecer limites de actuação, para que não haja linhas de acção redundantes.


Disturbio de Aprendizagem

É o transtorno global da aprendizagem, onde há intercorrências na aprendizagem não só da leitura (dislexia) e da escrita (disgrafia), como também do cálculo (discalculia), ortografia (disortografia) e de outras “dis”.
Geralmente há alteração neuropsicomotora associada, embora os exames médicos de rotina possam estar dentro dos padrões de normalidade. Uma detalhada anamnese fará a diferença para o diagnóstico diferencial, uma vez que é comum o relato de alterações ao longo do desenvolvimento da criança.



Disortografia

Espera-se que ao terminar a primária, uma criança já faça uso da escrita de forma adequada. Para tanto, deve ter conhecimento de todos os símbolos gráficos que representam os sons falados; deve ter entendido a relação existente entre linguagem escrita e linguagem falada; deve saber juntar os símbolos gráficos para formar unidades linguísticas com sentido e usar correctamente a pontuação. No entanto, nem todas as crianças têm facilidade em aprender a usar os processos gráficos para representarem a linguagem oral. Geralmente, estas crianças são classificadas de disortográficas.

Ao se falar em disortografia, três critérios devem ser levados em consideração: o nível de escolaridade, a frequência e os tipos de erros. Estes critérios permitem a realização do diagnóstico de uma criança disortográfica de forma objetiva e concreta, pois nem todas as crianças que apresentam dificuldades para escrever correctamente a língua falada, podem ser chamadas de disortográficas.

No processo de escolaridade, a ocorrência de trocas ortográficas é esperada dependendo do ano de escolaridade em que a criança se encontra. Assim, no 1º ano, é esperado que a criança apresente uma grande quantidade e variedade de trocas entre letras porque a relação entre palavra impressa e som, ainda não está totalmente automatizada. Da mesma forma, no 2º ano é aceitável que uma criança cometa erros quando escreve palavras como “necessidade”, “sucesso”, “excelência".

O outro critério que deve merecer atenção para o diagnóstico da disortografia é a frequência das palavras que têm menos uso. Fica claro, portanto, que avaliar a ortografia de uma criança usando-se palavras que não estão inseridas em seu vocabulário ambiental, é incorrer num erro, pois não se pode esperar que a criança escreva correctamente uma palavra que não conhece graficamente, nem compreende seu significado.

Já a variável “tipo de erros”, vai permitir que se realize a classificação das trocas ortográficas em níveis que obedecem às dificuldades ortográficas existentes na linguagem escrita. Neste sentido, um determinado erro pode ter valor maior e merecer mais atenção do que outro erro.

Enquanto a fala compreende capacidades auditivas e uma função expressiva auditiva, a leitura engloba capacidades expressivo-visuais além de função receptiva e expressiva visual. Leitura é a associação de símbolos visuais com os sons vocais, utilizando-os de modo a evocar os significados já estabelecidos. Consiste de uma série de habilidades cognitivas e perceptolinguísticas. Ortografia é a evocação das imagens visuais dos grafemas (cada um dos símbolos gráficos que representam as unidades da palavra escrita) que se há de escrever, através de impulsos cinestésicos (cinestesia: sensibilidade aos movimentos) das articulações e tensões dos dedos, da mão dominante. Leitura e ortografia estão, intimamente, relacionados porque têm muitas habilidades em comum. Os sistemas verbais possuem predomínio auditivo ou visual. Dentre os distúrbios na aprendizagem da linguagem oral e escrita, temos a dislexia e/ou a disortografia. Convém que, na reeducação dos distúrbios relacionados à aprendizagem da linguagem oral e/ou escrita, se dê ênfase à atenção, à percepção e à discriminação visual/auditiva, devido às falhas de discriminação comuns nesses distúrbios. Entretanto, não é válido que se proceda simplesmente a tais exercícios, sem que se verifique se o paciente apresenta algum distúrbio oromiofuncional, cuja incidência é muito frequente. É necessário que se proporcione o restabelecimento no equilíbrio das forças musculares intra e peri-oral, porque haverá uma sensível melhora na acuidade auditiva do paciente disléxico disortográfico e, por conseguinte, em sua linguagem, tanto oral, quanto escrita.

Retardo de Aquisição da Linguagem


Também denominado “Atraso de Linguagem” / “Disturbio do Desenvolvimento da Linguagem”, é uma das patologias fonoaudiológicas de mais fácil diagnóstico e de tratamento bastante complexo. Há um visível desacordo entre a idade cronológica e a idade linguística da criança, onde os aspectos fonológicos, semânticos e morfosintáticos estão igualmente alterados. Este desnível, por si só, é suficiente para diagnosticar o distúrbio. Já o tratamento é complicado dada a abstração do objecto de intervenção: a linguagem infantil. Outro factor que agrava o quadro é a insistência de muitos pediatras em orientar a família a esperar, como se a espera resultasse em normalização. Em geral o resultado desta orientação equivocada é desastrosa, já que resultados rápidos e efectivos dependem do tratamento o mais precoce possível.
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Apontamentos sobre Dislalias (dificuldade em articular palavras)


Eis um bom livro para professores que pretendem ajudar os alunos com dificuldades em articular palavras. Com excelentes exercícios... Recomendo.


DISLALIAS
As dislalias são defeitos de articulação na emissão das consoantes; podem ser de origem congénita, mecânica ou psíquica e resultam de anomalias de órgãos bucais, de má implantação dentária, de vícios adquiridos na infância ou ainda de causas nervosas ou mesológicas.

Dislalias Orgânicas: labial, dental, lingual, palatal, nasal (rinolalia serrada, rinolalia aberta, rinolalia mista).
Dislalias Audiógenas: bilinguismo, surdez post-locutiva, hipoacusia pré-locutiva.

Dislalias Funcionais:
Sigmatismo - Defeitos na emissão do S ou Ç. Pode ser interdental quando a língua coloca-se entre os dentes incisivos (ceceio); lateral se a língua dirige o sopro para os lados; multilocular se o sopro toma a direcção de diversos espaços interdentários.

Betacismo: - Troca de /B/ por /V/ ou /P/.

Deltacismo:- Troca de /T/ por /D/ ou vice-versa.

Gamacismo: Troca de /G/, /Q/ ou /K/ por /T/, /J/ ou /P/.

Lambdacismo: Troca de /L/ por /N/, /T/, /J/, ou, /R/ brando.

Jotacismo: Troca de /J/ por /GH/, /Z/, ou /I/.

Rotacismo: Defeitos na emissão do /R/; rotacismo posterior quando vibra a base da língua; rascado quando é demasiado gutural. Algumas vezes é substituído por /N/ aspirado e pode dar-se também a troca por /L/, /N/, /T/, /S/, ou /RS/.

Chinonismo: Omissão do /R/.

Hotentotismo: Alteração geral ou acumulação de Dislalias, tornando a linguagem incompreensível.

A correcção das dislalias é fácil, desde que haja cooperação do aluno/paciente que deve observar, com o auxilio de um espelho, a posição correcta dos órgãos móveis: língua, lábios, palato mole durante a emissão das consoantes, imitando o mestre, que lhe mostra como deve ser a articulação exacta.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Espectáculo Recomendado



A Outra e o Triângulo mistura um espectáculo de stand-up comedy com a história de um triângulo amoroso.
Uma actriz, no palco, apresenta, em tom de comédia, um rol de histórias e reflexões sobre a cultura e a sociedade em geral, crónicas que não deixarão a plateia indiferente. Paralelamente, e à revelia da mesma actriz, é desenvolvida uma história típica de telenovela – o casamento, os filhos e a amante.
Laura e Inês são duas amigas virtuais que nunca contactaram pessoalmente. Uma é professora, a outra actriz. Esta tem um casamento em crise, a outra vive uma relação com um homem casado, Jorge. O que irá suceder ao casamento de Inês? E à relação de Laura? Quem é ou quem era, na verdade, Jorge? São respostas e surpresas para descobrir no último episódio, que é como quem diz, nos últimos minutos deste espectáculo.
Os assuntos e as aventuras narradas pela actriz surgem em catadupa e de uma forma como que espontânea, ao longo de um espectáculo totalmente envolvente, sarcástico e muitas vezes surpreendente.
A Outra e o Triângulo é uma proposta irrecusável. Para quem gosta de teatro, esta é uma oportunidade de desfrutar de um espectáculo em que o único risco que se corre é o de rir, do princípio ao fim.

Elenco
Mariana Sarabua, Carla Lopes, Carlos Alves, Liliana Paulos

Texto
Dulce Marques

Encenação
Onivaldo Dutra

Programa
Marco Mascarenhas

Cartaz
J. Canadinhas


Produção
DITIRAMBUS

Espectáculo para M/12

Apresentação no AUDITÓRIO CARLOS PAREDES – Junta de Freguesia de Benfica - De 12 a 21 de Julho, de Quinta a Sábado, às 21.30 h.
Bilhetes : €10,00 (normal) - €5,00 (estudantes e 3ª Idade)



terça-feira, 10 de julho de 2007

As Ténicas Teatrais e os Professores



A maioria dos formandos/professores quando frequentam uma Acção de Formação que envolva Técnicas Teatrais - especificamente o Curso “Técnicas Teatrais Aplicadas ao Professor” – dividida em módulos 1, 2 e 3, já entram a saber que vão ter que participar do processo e da obrigatoriedade dos trabalhos práticos e teóricos. Para aqueles professores menos conscientes da eficácia da sua comunicação perante os alunos, ou para aqueles menos voltados às artes cénicas, pode parecer estranho, mas é extremamente positivo porque ao perceber o processo e a obrigatoriedade, estes têm de buscar uma maneira de tirar proveito das situações e muitas vezes acabam por saírem mais sensibilizados para as Artes Cénicas que outros com mais experiência na área.
O contacto comigo e com os colegas formandos gera novas expectativas e troca de saberes. A aceitação do jogo e o contacto com o próprio corpo, seu instrumento de trabalho, faz com que os participantes comecem a sentir os efeitos resultantes do processo a que são submetidos. Tudo se resume a um conjunto de pequenas vitórias, as quais sempre apresentam resultados muito positivos que podem ser imediatos ou não, depende do tempo de assimilação que cada um tem.
Os professores acabam por descobrir um mundo que desconheciam, e consequentemente as vantagens que estas descobertas podem trazer para as suas vidas, tanto a nível pessoal como profissional.


A palavra chave é "Comunicação", tanto o actor como o professor são instrumentos da Comunicação e têm obrigação de falar melhor, actuar melhor, ensinar melhor, ser melhor, estar melhor e, por fim, viver melhor.

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terça-feira, 3 de julho de 2007

Formação contínua de Professores

A formação contínua de professores no Ensino Básico, Secundário tem como objectivo, para além da reciclagem, a obtenção de créditos para subir na carreira docente. Actualmente praticamente paralisada devido às novas directrizes do Ministério da Educação que decidiu investir somente em Acções das “famosas” TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação) voltadas principalmente para a Matemática e a Informática, sem esquecer, é claro, a área das “Bibliotecas”.
Muito bem, então teremos, cada vez mais, professores geniais no que diz respeito às novas formas e metodologias para formar futuros “matemáticos”, se bem que a média nacional, segundo as estatísticas divulgadas pela imprensa, pouco passa dos 7 valores. Onde estará o problema? Ao que parece, segundo “os governantes”, está nos professores.
E quanto as Bibliotecas? Bem, é claro que, não menos importante, os professores devem saber o que ensinar aos “futuros pupilos”, por exemplo: encadernação, conservação e restauro de materiais e documentos para os técnicos do Arquivo Histórico.Só espero sinceramente que essas Acções tenham conteúdos realmente pertinentes e mostrem um caminho para o professor que seja menos penoso, pois muitos deles só frequentam as Acções de Formação porque são obrigados e, por isso, nem sempre aproveitam-nas como deveria ser.
E a componente humana? Onde fica?


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quinta-feira, 28 de junho de 2007

Apontamentos sobre Significação Linguística

Ao propor a língua (um idioma ou um dialeto) como um sistema de signos, Saussure[1] assinalou a importância da questão do arbitrário do signo linguístico, mas deixou o mundo fora da sua análise. Antes dele, Frege já notara essa questão, postulando, porém, uma teoria semântica que não prescindia do “exterior” à língua, utilizando-se do suporte teórico da Filosofia e da Lógica nas suas análises. Benveniste[2], no caminho de Saussure, retoma a questão da natureza do signo linguístico para problematizá-la e propor outro esquema teórico.

Por outro lado, o filósofo alemão Gottlob Frege[3] escreve, em 1892, o artigo “Über Sinn und Bedeutung” – “Sobre o Sentido e a Referência”, onde nele concebe o sinal, ou o nome próprio, como a união de uma referência e um sentido. Para além dos seguintes componentes do sinal – o sentido e a referência, Frege introduz outro componente: a representação associada ao sinal. Diferentemente do sentido do sinal, que seria uma imagem apreendida colectivamente, portanto, de modo mais “objectivo”, a representação é inteiramente subjectiva.
Se a referência de um sinal é um objecto “sensorialmente” perceptível, a minha representação é uma imagem interna, emersa das lembranças de impressões sensíveis passadas e das actividades, internas e externas, que realizei. (...) A representação é subjectiva: a representação de um homem não é a mesma de outro. (...) A representação, por tal razão, difere essencialmente do sentido de um sinal, o qual pode ser a propriedade comum de muitos, e portanto, não é uma parte ou modo da mente individual (...)
Frege
in Lógica e Filosofia da Linguagem
Saussure
Concebe a língua como um sistema de signos que por si só dão conta da significação. Ao conceituar o que é signo, ele deixa marcada a distinção entre entidades psíquicas (que constituiriam o signo) e físicas (que lhe seriam estranhas). Os termos implicados no signo linguístico são ambos psíquicos e estão unidos, no nosso cérebro, por um vínculo de associação.

(...) O signo linguístico une não uma coisa e uma palavra, mas um conceito e uma imagem acústica. Esta não é o som material, coisa puramente física, mas a impressão psíquica desse som, a representação que dele nos dá o testemunho dos nossos sentidos (...) O signo linguístico é, pois, uma entidade psíquica de duas faces (...) Esses dois elementos estão intimamente unidos e um reclama o outro.
Saussure
In “Natureza do signo linguístico”
Depois
de um século de discussão sobre o signo linguístico, pode-se recorrer aos escritos teóricos para que se possa continuar no difícil caminho da significação. É relevante e necessária a distinção entre sentido e referência. O caminho aberto deixado por Benveniste, considera a relação significado-significante necessária. Concordar com Frege e também com Benveniste que a fuga à regra se dá na conexão do signo com o seu referente, é acreditar que uma teoria semântica não pode prescindir das coisas as quais os signos designam, ou seja, das referências das coisas. Sem elas, não se consegue explicar a significação linguística.


[1] Ferdinand de Saussure (Genebra, 26 de novembro de 1857 - Morges, 22 de fevereiro de 1913) foi um lingüista suíço cujas elaborações teóricas propiciaram o desenvolvimento da lingüística enquanto ciência e desencadearam o surgimento do estruturalismo. Além disso, o pensamento de Saussure estimulou muitos dos questionamentos que comparecem na lingüística do século XX.

[2] Émile Benveniste (1902, Cairo - 1976) foi um lingüista estruturalista francês, conhecido por seus estudos sobre as línguas indo-européias e pela expansão do paradigma lingüístico estabelecido por Ferdinand de Saussure

[3] Friedrich Ludwig Gottlob Frege (8 de Novembro de 1848, Wismar, Mecklenburg-Schwerin, Alemanha - 26 de Julho de 1925, Bad Kleinen, Mecklenburg-Vorpommern, Alemanha) foi um matemático, lógico e filósofo alemão. Trabalhando na fronteira entre a filosofia e a matemática, Frege foi o principal criador da lógica matemática moderna, sendo considerado, ao lado de Aristóteles, o maior lógico de todos os tempos.

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segunda-feira, 4 de junho de 2007

Um novo espectáculo



É um espectáculo para os obreiros anónimos dos Direitos Humanos e para os milhões de vítimas do seu incumprimento. Como na obra poética de Ângela Almeida, procuramos deixar aqui o nosso grito, a nossa indignação, estamos aqui para dizer que estamos de luto porque mataram a humanidade.
Pergunto-me: quem sou eu? Nasci num barco em alto mar, nasci em África, Ásia, Europa e América, sou apátrida, errante, miro-me no espelho da memória, olho-me e vejo uma mulher com marcas deixadas pelo tempo e pelos acontecimentos. Viajo continuamente em busca de um pedaço de terra e alimento-me dela, profundamente me enraízo nela, buscando a força e a seiva de que me nutro. Não tenho idade, procuro um lugar onde haja amor, paz, serenidade, alegria, onde não exista ódio nem rancor. É uma busca constante, por uma terra rodeada pelo mar cálido e sereno, repleta de cores, cheiros e sabores que ficam para sempre dentro de nós, onde se vive com simplicidade e liberdade.
Tenho a sabedoria apreendida da terra, da água, do fogo e do ar. Na minha pele correm todos os líquidos que ela absorve, todos os choros, todas as mortes. Sou andarilha, pertenço a todos os lados, os meus olhos absorvem já toda a glória e todas as misérias do Mundo
Posso ser alegre e bem disposta, apaziguar os corações solitários, carentes de afecto. Posso deixar um rasto de amor, paz, felicidade, conforto interior. Posso partir, ficar, partir para não mais voltar, sobreviver, lutar, rasgar os horizontes, cumprir destinos inconformados com a pequenez desse mundo em transformação. Posso semear grãos para que cresçam, floresçam, se desenvolvam e reproduzam para dar lugar à terra que busco.
Vim para indicar o caminho da verdade interior. O amor corre-me nas veias. Por isso, sofro todas as dores e rio todas as alegrias. Sou cigana, sacerdotisa do tempo, sou desterrada, sou uma voz, um grito, sou mulher!
Um encontro feliz dos “ditirambus” com a beleza da poesia insular e ao mesmo tempo universal de Ângela - da poesia com a dramaturgia: a arte de bem dizer.


Ficha Técnica

Texto original
Ângela Almeida

Adaptação e Encenação
Onivaldo Dutra

Elenco
Manuela Gomes, Lurdes Castanheira, Cátia Correia e Céu Neves

Cenário, Banda Sonora, Desenho de Luz
Onivaldo Dutra

Figurinos e Adereços
Céu Neves

Operador de Som
António Valente
Operador de Luz
Pedro Araújo

Art Design
J. Canadinhas / Marco Mascarenhas

Realização
Ditirambus – Associação Cultural e Pesquisa Teatral.
Local
Teatro Ibérico – Rua de Xabregas, 54 – Beato – Lisboa.

Reservas
218128528 / 919097077 / 218682531

Classificação M/12

quarta-feira, 30 de maio de 2007

O Jogo Dramático... Coisas de Crianças



O jogo dramático é uma parte vital da vida do ser humano. Não é apenas uma actividade de lazer, mas também uma maneira do indivíduo pensar, comprovar, relaxar, trabalhar, lembrar, ousar, experimentar, criar e absorver. O jogo é a vida.
A melhor brincadeira teatral infantil só tem lugar onde oportunidade e encorajamento lhe são conscientemente oferecidos por uma mente adulta. Isto é um processo de "nutrição" e não é o mesmo que interferência. É preciso construir a confiança por meio da amizade e criar a atmosfera propícia por meio de consideração e empatia.
Nessa brincadeira teatral através do jogo existem momentos de caracterização e situação emocional tão nítidos, que fizeram surgir uma nova terminologia: "Jogo Dramático".
Ao pensar em crianças, especialmente nas menores, uma distinção muito cuidadosa deve ser feita entre drama no sentido amplo e teatro como é entendido pelos adultos.
Teatro significa uma ocasião de entretenimento ordenada e uma experiência emocional compartilhada; há actores e públicos, diferenciados.
Mas a criança, enquanto ainda pura, não sente tal diferenciação, particularmente nos primeiros anos - cada pessoa é tanto actor como espectador. Esta é a importância da palavra drama no seu sentido original, da palavra grega drâma (acção) , drao - "eu faço, eu luto”. No fazer e lutar, a criança descobre a vida e a si mesma através de tentativas emocionais e físicas, e depois através da prática repetitiva, que é o jogo dramático.
As experiências são emocionantes e pessoais e podem se desenvolver em direcção a experiências de grupo. Mas nem na experiência pessoal nem na experiência de grupo existe qualquer consideração de teatro no sentido adulto, a não ser que seja por nós imposta. Pode haver momentos intensos de que poderíamos nos arriscar chamar de teatro, mas no geral trata-se de jogo dramático. A aventura, onde o fazer, o buscar e o lutar são tentados por todos. Todos são fazedores, tanto actor como público, indo para onde querem e a encarar qualquer direcção que lhes apraz durante o jogo. A acção tem lugar por toda parte em volta de nós e não existe a questão de "quem deve representar para quem e quem deve ficar sentado a ver quem a fazer o quê!"

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segunda-feira, 21 de maio de 2007

A Partitura do Actor



No seu livro “Uma Voz para o Ator” a Prof. Eudósia A. Quinteiro designa de Partitura do Actor a todo um trabalho de notação e anotação, feito pelo actor, no texto em que está a trabalhar, para criar uma personagem.


O texto recebido pelo actor vem através da linguagem escrita, ou seja, na chamada “Galáxia de Gutenberg[1]” obedecendo a todos os requisitos que tal veículo de comunicação exige, pois é feito predominantemente para os olhos. Mesmo cientes de que o autor da obra teatral tenha se desdobrado na busca da linguagem oral, o fato é que o texto vem impresso, com a marca de Gutenberg e obedecendo a todo o código da linguagem escrita, com todas as vírgulas, pontos, etc.


Antes de dizer um texto, torna-se necessário adaptá-lo para a linguagem oral, uma vez que a fala tem seus próprios requisitos no acto da comunicação.


Quando falamos, damos vazão ao pensamento, que tem em si uma urgência em completar-se enquanto ideia emitida vocalmente. Nessa necessidade, passam a vigorar outras normas na comunicação, onde nem sempre as vírgulas e pontos coincidem, sendo, portanto, pouco respeitados. O que assume real importância no acto de dizer é a respiração, pois precisamos do combustível do ar para movimentar o aparelho fonador e produzir discurso sonoro. Para falar, é necessário respirar. O acto respiratório passa, então, a ter uma função primordial na arte de falar.



[1] Impressor e inventor alemão, nasceu na última década do século XIV no arcebispado de Mainz, na Alemanha e morreu provavelmente em 1468. A Gutenberg se deve a invenção de um método original de impressão com caracteres móveis. Conhecia a técnica da ourivesaria que aplicou ao fabrico de matrizes e punções tipográficas. Sobre a vida de Gutenberg existem poucos dados. De Mainz mudou-se para Estrasburgo, onde foi polidor de jóias durante 10 anos. Sabe-se que nesta altura se envolveu numa acção em tribunal. O facto de ter sido o inventor da tipografia foi motivo de grande controvérsia, principalmente pela parte de Laurens Coster da Holanda e de Pamfilo Castaldi de Itália. Em 1450, Gutenberg empreende a publicação da Bíblia Latina, que é o mais antigo livro composto em caracteres móveis chegado até nós. Os caracteres móveis foram usados sem grandes alterações durante três séculos.


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Apontamentos sobre o Texto Dramático

Texto
(Do latim textu-, «tecido», particípio passado de texâre, «tecer; entrelaçar»)
Do ponto de vista linguístico significa uma sequência finita e ordenada de elementos seleccionados de entre as possibilidades oferecidas por um sistema de signos e que constitui a unidade fundamental do processo comunicativo.


O Texto Dramático
Muitas vezes o actor depara-se com um texto dramático que desconhece e cheio de “nuanças”, ou seja, uma pontuação própria que o autor colocou de acordo com a sua imaginação na criação das personagens e situações.




O texto de uma peça teatral divide-se em dois:
1) texto principal: os diálogos das personagens;

2) texto secundário: as didascálias (conjunto de indicações cénicas do texto secundário) ou as rubricas do autor que indicam as situações, o ambiente, a descrição dos cenários e também as “inflexões” (emoções) que ditam como as palavras devem sair das bocas das personagens. O texto secundário pode estar implícito num texto dramático, dando liberdade total ao encenador para criar o ambiente e dar “forma” às palavras.

"Um encenador, menos purista, nem sempre segue as rubricas ou sugestões do autor e acaba por recriar ou mesmo criar o texto secundário, a não ser que o autor esteja vivo e exija que as indicações sejam seguidas à risca."

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sábado, 19 de maio de 2007

Mestres da comunicação



“A natureza arranjou as coisas de tal modo que, quando estamos em comunicação verbal com os outros, primeiro vemos a palavra na retina da visão mental, e depois falamos daquilo que assim vemos. Se estamos a ouvir outros, primeiro recolhemos pelo ouvido o que nos estão a dizer, e depois formamos a imagem mental daquilo que ouvimos.
- Ouvir é ver aquilo que se fala; falar é desenhar imagens visuais.
- Para o actor uma palavra não é apenas um som, é uma evocação de imagens. Portanto, quando estiver em intercâmbio verbal em cena, fale menos para o ouvido do que para a vista.”



Contagie o seu comparsa! Contagie a pessoa com a qual estiver a contracenar!
Insinue-se até na sua alma, e, ao faze-lo, você mesmo se sentirá ainda mais contagiado! E se você ficar contagiado, todos os outros ficarão ainda mais!
E então as palavras que você pronunciar serão mais estimulantes do que nunca.”



Constantin Stanislavski
A Construção da Personagem, Rio de Janeiro,
Civilização Brasileira, 1970



“(...) É necessário que o actor, para agir através das falas, tenha, antes disso, elementos aos quais possa reagir falando, isto é, imagens das falas dos outros. Só assim a acção de falar em teatro será realmente humana”
“Antes de começar a falar, nós imaginamos o que vamos dizer, e só depois transformamos essas imagens em palavras.”

Eugênio Kusnet
Actor e Método, Rio de Janeiro, MEC-SNT, 1975


“Se você souber apreciar o que os sons das palavras podem transmitir é possível que isso também sirva para inspiração interior.”

Robert Lewis
Método ou loucura, Rio de Janeiro, Ed. Tempo Brasileiro, 1982

“O hemisfério esquerdo parece estar ‘predestinado’ aos sons da fala, já preparado para analisar sons em forma linguística”.
Dan Isaac Slobin
Psycholinguistics
Scott, Foresman .Published 1979
Psicolinguística. São Paulo, Ed. Nacional - EDUSP, 1980

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Vozes dos séculos XVIII e XIX

Grandes nomes dos palcos ficaram conhecidos não só pelo talento inato, ou seja o talento que pertence ao ser e não resulta de qualquer aprendizagem, de interpretar grandes papéis, mas também ficaram conhecidos pela beleza das suas vozes.

Sarah Benhardt1, cognominada "A Voz de Ouro", seduzia pela voz e pela arte - "Recita como o rouxinol canta, como o vento suspira, como a água murmura”.







Na Itália, Eleonora Duse2 foi celebrada por D'Annunzio3 como a maior actriz de todos os tempos pelo seu talento e pela “magia de sua voz”.





Sobre o actor Talma4, escreveu Madame de Staël5: "Há na voz desse homem não sei o quê de mágico que desde as suas primeiras palavras desperta toda a simpatia do coração".





1 SARAH BERNHARDT, nome artístico da actriz francesa Henriene Rosine Bernard (1844-1923). De família judia, estreou-se no palco em 1862. No galarim da glória desde 1869, apesar de lhe ter sido amputada uma perna (1915) ainda ensaiava pouco antes de morrer. Pela perfeição da dicção, o timbre de voz levemente nasalada e o calor da paixão com que representava, foi no seu tempo a rainha da cena dramática.

2 ELEANORA DUSE, actriz italiana (1859-1924). Interpretou heroínas de A. Dumas, Ibsen e D'Annunzio, tendo sido considerada a maior actriz dramática do seu tempo.

3 GABBIEL D’ANNUNZIO, escritor italiano (1863-1938). Voluntário na I Guerra Mundial, tornou-se então um herói nacional. Apoiou depois o regime de Mussolini. Romancista, autor dramático e poeta, os seus poemas, de grande beleza formal, fizeram dele cantor da mulher, da beleza e das sensações raras e preciosas.

4 FRANÇOIS JOSEPH TALMA: Actor protegido por Napoleão fundador da Comédia Francesa. (1763-1826)

5 MADAME DE STAËL, escritora francesa (1766-1817). Chamava-se Germaine Necker, e era filha de J. Necker, o celebre ministro de Luís XVI, tendo-se casado em 1786 com o barão de Staël, embaixador da Suécia em Paris. Publicou ensaios e romances. Teve influência decisiva na eclosão do Romantismo em França.