Tudo o que um ser humano faz ou pode fazer, diante de uma plateia ou mesmo diante dos amigos próximos, no seu quotidiano é cénico.
As Artes Cénicas são o conjunto das artes performativas onde podemos estudar tudo o que é cénico dentro de padrões estéticos determinados por signos específicos que caracterizam escolas e movimentos artísticos como por exemplo: o Simbolismo, o Naturalismo, o Surrealismo, etc. Enfim, todos os "ismos" de que hoje temos conhecimento, os quais podem ser bem ou mal utilizados - depende do nível de conhecimento de quem os utiliza - no Teatro, no Cinema, na TV e até no Balet através do corpo; com recursos técnicos como luzes, sons, músicas, cenários, figurinos e adereços de cena dos mais primários até os mais sofisticados, tudo em prol da comunicação imediata de ideias, pensamentos e imagens que podem ou não influenciar o público alvo, depende sempre do "saber como" comunicar.
Quando um padre celebra uma missa, um actor interpreta uma personagem, um político discursa, todos estão a fazer algo cénico diante de um público específico. Esses comunicadores estudam ou pelo menos deveriam estudar - salvo excepções que utilizam uma espécie de “instinto nato” ou “dom” para falar em público - a melhor forma de comunicar aos ouvintes suas ideias.
As pessoas podem ser treinadas ou ensaiadas - pelo menos deveriam ser na grande maioria dos casos - para buscar as melhores formas de chamar a atenção de uma assistência.
O bom comunicador/artista deve saber transmitir suas ideias com clareza e veemência, as quais devem estar inseridas na linguagem estética escolhida para o efeito.
Hoje, no teatro, no cinema e nas novelas da TV, a interpretação dos actores é feita de forma naturalista/realista, ou seja, o actor deve acreditar na realidade da vida da personagem, deve ter fé cénica suficiente para dar credibilidade às emoções que “fabrica” diante do público. Essa forma de interpretar surge com grande força nos finais do século XIX, com um grande nome que até hoje ecoa nos ouvidos dos actores: Constantin Stanislavski, um afortunado teatrólogo que, valendo-se da psicologia, desenvolveu um método para o actor criar uma personagem.
É claro que antes de Stanislavski, já havia uma preocupação com a forma de interpretação dos actores. A exemplo disso, temos no século XVIII, um filósofo, crítico de teatro e teatrólogo chamado Denis Diderot que no seu “Paradoxo do Comediante” já questionava se um actor deve sentir verdadeiramente uma personagem ou fingir de um modo cerebral, ou seja actuar de uma forma técnica, fingir as emoções.
O “método de Stanislavski” tornou-se a base para a interpretação de uma personagem a ser seguida por todos os actores, mesmo trabalhando com outras linguagens, formas ou metodologias desenvolvidas por Kusnet
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1] Eugênio Chamanski Kuznetsov (Rússia 1898 - São Paulo SP 1975). Mais destacado ator de formação stanislavskiana no teatro brasileiro, criador de papéis marcantes e emérito professor de uma geração de atores nos anos 60 e 70.
[2] Vsevolod Emilevich Meyerhold (Penza Russia 28 janeiro de 1874 - 2 de fevereiro de 1940). Nome artístico de Karl Kazimir Theodor Meyerhold, conhecido apenas por Meyerhold, um grande ator de teatro e um dos mais importantes diretores e teóricos de teatro da primeira metade do século vinte.
[3] Bertolt Brecht (Augsburg, 10 de Fevereiro de 1898 — Berlim, 14 de Agosto de 1956) foi um influente dramaturgo, poeta e encenador alemão do século XX.
[4] Jerzy Grotowski (Rzeszów, 11 de agosto de 1933 — Pontedera, 14 de janeiro de 1999) foi um diretor de teatro polonês e figura central no teatro do século XX, principalmente no teatro experimental ou de vanguarda.
[5] Eugenio Barba (Brindisi, 29 de outubro de 1936) é um diretor de teatro italiano e figura central no teatro mundial, fundador e diretor do Odin Teatret em 1964, uma companhia fundada em Oslo, na Noruega que se muda para Holstebro, em 1966, Dinamarca, uma cidade que tinha à época 18 mil habitantes.
[6] Peter Stephen Paul Brook (Londres, 21 de março de 1925) é diretor de teatro e cinema britânico. Estudou em Oxford.